Uma mocinha do cabelo escuro
Uma mocinha do cabelo escuro
fez a morada dela aqui em mim,
e eu nunca vira assim amor tão puro,
que achei até que fosse um serafim.
Qual serafim voava longe a moça,
que achei até que via uma ilusão,
mas tinha fé na tal visão louçã,
a fé no amor que pueris terão.
Por que morada se voais tão alto?
Se largaríeis o meu peito só?
Se ergui a vós este meu braço exausto;
toquei o céu mas não a vós; que dó!
Por que morada um serafim teria
no peito roto de um rapaz, miúdo?
Mas tinha fé que a ilusão que eu via,
talvez eu fosse mesmo assim, sortudo.
Uma mocinha do cabelo escuro
pousou aos pés de mim, eu vi, eu vi,
e eu nunca vira assim amor tão puro,
que achei até que fosse um anjo ali.
Qual serafim brilhava muito a moça,
que achei até que ali ficava cego,
mas tinha fome da visão louçã,
que abri meus olhos e a encarei de perto.
Por que pousastes se voais tão alto?
Se conquistastes o meu peito já?
Se erguíeis voo, este meu braço exausto
ainda a vós se balançava ao ar!
Por que morada um serafim teria
no peito roto de um rapaz, miúdo?
Mas tinha fé que a ilusão que eu via,
talvez eu fosse mesmo assim, sortudo.
01/01/2024