O PÊNDULO DO RELÓGIO DE PONTO

O PÊNDULO DO RELÓGIO DE PONTO

Prof. Marinaldo Lima

Escola João Matos Guimarães – Olinda/PE

Poema selecionado no 24º Concurso Nacional de Poesias Augusto dos Anjos em 2015 da Academia Leopoldinense de Letras e Artes de Leopoldina/MG.

(Pode ser copiado e colado)

Tit-tac, tic-tac, tic-tac,

Assim bate o relógio de ponto.

O seu pêndulo vai e volta sem parar.

Aliás, vai e vai, pois o tempo não volta;

E o homem vai correndo neste tempo

Para o seu trabalho executar.

É manhã e chegam os trabalhadores,

Querendo correr mais que o pêndulo.

É preciso, logo, o cartão de ponto bater!

O homem tornou-se escravo do tempo

E enquanto o pêndulo vai e vai

O homem continua a correr.

Não adianta, o pêndulo é implacável!

Chegou tarde? Para que reclamar

Que o relógio está adiantado?

Corra, corra, pegue logo o seu cartão.

Nem adianta fazer cara feia;

Vai bater o ponto atrasado.

E enquanto o pêndulo vai e vai,

Na oficina começa o expediente

E as máquinas estão funcionando.

Os minutos e as horas passam;

É preciso adiantar a produção

E os operários continuam trabalhando.

E também lá na grande indústria,

Outros operários já labutam

Apegados à linha de montagem.

Carros, máquinas são fabricados;

Enquanto no relógio de ponto

O pêndulo vai e vai, na sua engrenagem.

Na escola a professora espera;

E enquanto o pêndulo vai e vai

O aluno faz a prova, apavorado!

Pois no tempo que teve pra estudar,

Jogava bola com os seus colegas;

Corre agora risco de ser reprovado!

E também na repartição pública

O relógio de ponto funciona

Ritmando a sua burocracia.

Em meio a documentos oficiais,

Os servidores públicos trabalham

Na rotina de todos os seus dias.

No comércio as lojas já abriram;

Todas com seus relógios de ponto,

Com seus pêndulos que sempre vão e vão.

E enquanto o tempo vai passando,

Balconistas vendem mais e mais,

Pois desejam aumentar a comissão.

Nos hospitais corre-se contra o tempo,

Para que vidas sejam salvas

E cada segundo é importante.

Mas enquanto o pêndulo vai e vai,

Um coração deixa de bater:

Morreu um paciente agonizante.

Por toda a cidade se trabalha;

O movimento é intenso, barulhento,

Com todos à beira de um ataque.

Mas, em cada relógio de ponto,

O pêndulo calmamente vai e vai

No contínuo tic-tac, tic-tac.