In verso
O que é um verso
Senão um sentir por demais
Sobre papéis avelhantados, flavos
Donde dançam febris os cálamos
O que é, senão a sublime nudez da alma
Disposta em linhas, desvestida
Tácita ousadia
O que é, senão minhas confissões
Dos tantos amores
Dentre eles, minhas desafeições
O que é um verso
Senão a clareza da mente soturna
Das arranhaduras do meu avesso
Frenética escrevedura
O que é, senão a boca escancarada
De um sentir vociferante
De tudo, inclusive nada.