POESIA & REBELDIA

A poesia é inimiga dos palácios das letras,

das autoridades e hierarquias da bela escrita,

da erudição pedante da crítica.

Ela é avessa ao arcaismo,

Ao romantismo, ao simbolismo,

parnasianismo e todas as fases do modernismo.

A poesia abomina toda história da literatura.

Ela não está no verso, na prosa,

na forma ou no lirismo.

Ela é o que escapa a palavra,

ao significante e ao significado.

Ela é o intraduzível sublime da raiva e do espanto de estar vivo

que não encontra abrigo

em nenhuma língua.

A poesia é o que foge a escrita,

Ela é a negação, a revolta,

o susto, o espanto e o uivo.

Ela é a morte, o nada,

e a ressignificação da vida

como paradoxal e desproposital

recusa radical da escrita.