V i a g e m
Era somente um caminho calmo e sem desafios, ao qual eu nem estava habituada a ter, e parecia tão meu, pela forma que ele se apresentava. E nem era uma coisa da minha fértil imaginação, era um caminho real, com flores, pássaros cantando em doce alvoroço, com ventos e um pouco de neblina, ainda assim brilhava por entre a folhagem, animando os meus olhos, algum raio de sol trazendo uma estranha fúlgida felicidade, nem assim eu sentia que aquilo me pertencia...
os meus pés pouco a pouco num contínuo movimento em direção a um nada à me esperar, certamente, porém sem vontade eu ia... ia, precisava, e por dentro sei, eu continuava vazia, sem desejos, sem saudade, e naquele silêncio, era como se em minha alma, eu soubesse que nada mais existia.
Percebi por instantes, que eu já nem estava mais em mim, era como se flutuando ultrapassasse as nuvens e de lá eu sem querer avistasse que de onde saí, havia ficado uma história que ainda precisava que nela, eu desse de algum jeito um fim. Por isso não podia continuar naquele último voo, era preciso que eu voltasse, e o resto da minha que nem era minha história, eu continuasse. Voltei, sentindo o frio dos ventos, por dentro uma alma sem aflição, diferente, e sem poesia.
De volta ao local de origem fui me encaminhando... e a tarde havia chegado, e o sol ao longe... esvanecia, também minha alma por dentro, se ia a cada dia. Quanto ao sol, com a sua força iria voltar, a minha alma não, há muito ela dormia sem vontade de despertar, nem para o futuro, presente ou passado, em sua triste letargia.