Poeira de Solidão

A poeira da solidão me beija os pés

Atrevida me invade e me domina

Me despe, me deixa descalço e sorrir abastecida

A minha tristeza lhe nutre

E calada traça os meus dias

E travo o ranço do meu sorriso esquartejado e morador de rua

Meu sorriso não tem moradia

Toma sol e chuva

Não dorme

Perambula

A solidão me invade os tímpanos

Me encharca os olhos

Me embaça as vistas

E corrói meus poros

Minha solidão me devasta

Me sucateia e me expõe aos rincões

E pedregulhos

E a míngua atravesso desertos

E peregrino sobrevivo

E solitário me corrói a alma

a rotineira solidão

Que me castiga

Me avilta

Me tortura

Me tropeça

Me ilude

Me trepida o coração

Ah, solidão

Companheira das horas

Dos agoras

Dos instantes

Dos ontens

E das manhãs que não sei se virão

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 24/12/2023
Reeditado em 25/12/2023
Código do texto: T7961310
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