Poeira de Solidão
A poeira da solidão me beija os pés
Atrevida me invade e me domina
Me despe, me deixa descalço e sorrir abastecida
A minha tristeza lhe nutre
E calada traça os meus dias
E travo o ranço do meu sorriso esquartejado e morador de rua
Meu sorriso não tem moradia
Toma sol e chuva
Não dorme
Perambula
A solidão me invade os tímpanos
Me encharca os olhos
Me embaça as vistas
E corrói meus poros
Minha solidão me devasta
Me sucateia e me expõe aos rincões
E pedregulhos
E a míngua atravesso desertos
E peregrino sobrevivo
E solitário me corrói a alma
a rotineira solidão
Que me castiga
Me avilta
Me tortura
Me tropeça
Me ilude
Me trepida o coração
Ah, solidão
Companheira das horas
Dos agoras
Dos instantes
Dos ontens
E das manhãs que não sei se virão