Feliz Natal, meu "irmão"

 

Você aí

abatido

viciado

maltrapilho

fedendo a mijo

fedendo a álcool

esquecido na marquise

das Casas  Bahia

teu olhar me aborrece

a abordagem também

tua aparência me diz tudo

tu és cada um de nós

moras em todas as ruas

tua casa é o mundo

os confins do mundo

quem perdeu a dignidade

não tem mais o que perder

e tudo que te restou

foi o pão dos excluídos

o resto podre do pão

o pão que o diabo amassou.

Te jogo uma moeda de 1 real

o espírito natalino me tocou

hipocritamente estou fraternal

no meu grito contido, enrustido

o sorriso talhado na cara de pau

te desejo entredentes FELIZ NATAL.

 

Autor Benedito Morais de Carvalho

Livro: A poesia da calçada não vende ilusão

Scortecci Editora (2020)