NO INFERNO COM RIMBAUD

Compartilho da infernal juventude de Rimbaud

oferecendo minha alma ao fogo e ao sol.

Despido de convicções e esperanças

contemplo as peripécias do último homem,

o cadáver do deus morto

e a agonia da humanidade moribunda

de uma civilização em extinção.

Reinvento-me na incandescente ilusão de um eu urgente,

no caos impessoal da natureza selvagem,

fazendo do corpo,

inspirado por uma luciferiana determinação,

prima matéria da grande revolta universal.

Trago, assim, do inferno

novos provérbios e iluminações

contra as divinas ilusões

de sua fé e sentimentos cristãos.