O Conflito com a Arma que Dilacera os Dias
A fria faca do ceticismo
Corta a verdade em dúbias faces,
Freia o ânimo, emudece a esperança,
Implanta sombras no concreto das certezas.
Do corte da pesada arma se vê
O incômodo nó que estrangula os dias,
As ilusões desgastadas em sonhos,
O vocabulário vazio das palavras.
Muitos já não conseguem deter a afiada lâmina
Que se impõe sobre o suor dos rostos surpresos.
E diante dos letreiros que anunciam um grande futuro,
A arma branca vai dilacerando os alvos valores,
Diminui o combustível das atitudes, sangra os corações.
Mas, acima de tudo, perante este mar de incertezas,
É preciso imaginar Sísifo feliz, tentar domar as casualidades.
E perante os percalços do mundo, se joga todos os cacos
Para debaixo do tapete, se busca um novo dia na doce
Revolta de todo este degradante fardo poder ser vencido.
Se pinta o acinzentado dos dias mornos com tons alaranjados
Da vontade, se vence a pedra da inércia na imposição
De novos desejos e outras formas de sentir.