ENLUARADO
Vem fugir comigo, oh lua, para o nada.
Dentro de mim e seu derredor, só noite,
Que dilui no éter oportunidades e riscos,
Irreais para o sensório-motor exterior.
Vamos de mãos dadas ao cego devir,
Desvendando, acolhendo e agregando.
Na beira do lago te fito nua, espelhada,
Imersa, plena na profundidade que reluz.
Na beira do nada me vejo adejando,
Flutuando livre, na profundidade limiar
Do espírito que imbrica hirtas injunções
Irmanando o ente celeste e minh'alma.
Com o olho da carne te dissocio me orbitando.
Na planura da razão, em mathese, te calculo.
Com o olhar da mente te percebo gravitando.
Na luz do espírito, te diferêncio contemplando.
Vem surgir comigo, ó luar, para o inominável.
Fora de mim, em meu derredor, só duvidas
Que fruem no elã promissor das verdades
Do universo, que integro, e tudo coexiste!