DESAMPARADOS
“DESAMPARADOS”
Pés descalços,
Cabeça ao vento gelado,
Trapos a cobrir-lhes os corpos
Abraçados uns aos outros.
Este era o cenário
Que se desenhava
Quase todas as noites
Embaixo de um viaduto.
Uma panela velha
Com grãos espalhados dentro
Mostrava com clareza
Do que se haviam alimentado.
Lágrimas corriam-lhes nas faces
Endurecidas pelo sofrimento
De que culpa alguma tiveram
Por este estado calamitoso.
Este quadro que se desenhava
Quase todas as noites
Sem que alguma viva alma
Parasse para prestar-lhes socorro.
Este é o lamento
Daqueles que mais necessitam
Para que possam sobreviver
Num mundo de poderosos.
JC BRIDON