O TEMPO SEMPRE

O tempo voa devorando os dias

Erodindo os destinos e os traços

Moldando nossos rastros no espaço

Sepultamento nos sonhos nas elegias

Desliza o tempo silenciosamente

Rasgando todos os disfarces

Modelando os improváveis encaixes

Consumindo vidas, num eterno presente

Corre suavemente em seus trilhos

E nada ao seu encanto fica imune

E ninguém ao seu efeito fica impune

Na canção da existência, tece o estribilho

Dança, mansamente sóbrio e indiferente

Desvendando e criando mistérios

Erguendo e desfazendo impérios

Numa coreografia cíclica e permanente.