Teatro de um concerto sem nome
E no som do silêncio, o entardecer...
a vacuidade do tempo que se perde...
os milhões de segundos de procura,
de espera, de dor... a angústia de não saber...
o desespero por um sinal, um só que fosse...
um nome numa lista, um toque de telefone,
um telegrama, flor sem remetente...
e o tempo passou... e o tempo voltou...
e a arca do peito chora....
é profundo o lamento...
É um choro, um lamento profundo
que crava adagas na carne,
que percorre as grietas interiores, lacera a alma...
Meus dedos sobre as cordas...
arranham, rasgam o corpo vernizado
sem conseguir exprimir,
sem conseguir externar...
o sentimento... a emoção... o tormento...
a dor da perda...
que anestesia o corpo e o coração...
O olhar se perde no som do silêncio...
no grito mudo, calado...
que se desenha poesia
enquanto a melodia ecoa
no teatro de um concerto sem nome...
Pintura: Anna Razumovskaya