Poesia: 207 - Divã de metal ll
"Vamos! Monta logo! Me calvagava pelas estradas!"
- Calma! Espero notícias de alguém.
"Não pode acompanhar essas notícias pelas estradas?"
- Posso. Mas gostaria de economizar tempo.
"Tempo! Você nunca olhou para o relógio?"
- Na medida que a idade avança, o tempo ganha valor".
"E se a notícia não chegar? Não haverá viagem?"
- Haverá. Mas não como meu coração gostaria.
"Coração! Você! Sempre está com mapas e régua nas mãos! Calculando quilometragens, horas das partidas e das chegadas! Tão meticuloso no planejamento!"
- Têm muitas coisas que você ainda não sabe de mim. Sentimentos não se calcula e não se planeja. Não tem que ser uma equação, aliás, eles nunca são.
"Sou de metal, fui parida da prancheta de um engenheiro, só conheço a língua dos números".
- Eu sei. Mas nós humanos não somos assim. O amor é sem razão, como tantos outros sentimentos.
"Não dá para continuar com esta conversa pelas estradas! Vamos logo!"
- Sim. Você tem razão.