A senhora que ve de olhos fechados!

a noite faltou luz

no meio da tempestade

sinto calor e os meus olhos vêem apenas pela tela iluminada

enquanto a bateria permitir, uso as palavras, movimento meus olhos

busco fôlego a cada clarão lá fora, ouvindo a chuva, mas não venta !

tá tudo muito calmo

agora o papel e o lápis não bastam

as formas estão controladas pela tecnologia

algo grita dentro de mim!

escuto as pessoas conversando, lembro de um tempo que vivi tão pouco tempo

a senhora me empresta fragmentos das histórias que ouvi a tarde

os anos dançaram entre nós e o cigarro se consumia entre os teus dedos.

o sentimento era a falta do tempo consumido!

consigo viajar contigo para o passado

a gente se sentiu tão presente!

o galo já anunciava a hora do almoço

ou talvez do abraço, a saudade insistia em nos rodear!

assistir uma memória falada, uma memória que escuto e contigo, dentro de mim, a partir do que vi… não tínhamos muito além do nosso corpo!

foi tão difícil abrir a porta, meus olhos não adiantaram de nada, sem a luz do dia ou da energia elétrica.

a senhora me contava:" tanta coisa não posso mais" ! Além dos anos cansados, estava só, na escuridão das lembranças. Nenhum de nós consegue ver o final do caminho. caminhamos pelas curvas, cê já tá andando a tanto tempo!

cê não viu, mas algo acendeu dentro de mim

compartilhamos de uma chama antiga!

aproveitamos o nosso tempo e depois seguimos cada um para um lado, cada um com um relógio!

Ja é noite e agora chove, não tenho sono, a ansiedade me invade, mal consigo respirar! as notificações do tempo de hoje me dizem " cê tá atrasado!" eu também sinto falta de outro lugar, sempre em busca de um pouco de ar!

pisco acelerado tentando registrar o momento , organizar as memórias, mas nunca dá tempo ! se eu envelhecer quero contar histórias como você!

Tainã Dahlem
Enviado por Tainã Dahlem em 15/12/2023
Código do texto: T7954934
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