Sol, Raiz e Semente
I
Parto para uma terra de sol.
Parto,
palavra cheia de dor
como algo que não se dá,
mas se arranca de si mesmo,
raízes que se arrebentam e partem
ficando na terra uma ferida acesa,
como um farol para aludir o caminho
iludido de uma volta incerta,
A essa cicatriz na terra chamamos
de saudade.
A saudade é a febre que alimenta
o farol das memórias,
compostas de rostos queridos
e cenários que só podemos acessar
dentro de nós,
seja por um momento
ou pela eternidade,
É o eco da dor ancestral
de todas as raízes que se arrancaram vida afora
formando através do tempo a genealogia
da árvore humanidade.
II
Me lanço em uma terra de sol;
Pois sou semente também,
um pequeno grão que anseia
nesse vasto mundo,
onde o desconhecido é um fertilizante irresistível,
é o cio do possível no impossível, sem fronteiras;
Sob as rotas do além a imaginação dança
em almas abissais espalhadas pelo globo
e faz brotar o elo que transcende o espaço,
A imaginação é o cultivo que compõem
o tecido de nossa sensibilidade
Na terra do sol
ainda sou “Quem?” para mim mesmo,
mas levo em meu núcleo a raiz
do sorriso aberto de cada um de vocês
como luzes cauterizadas que abriram
as estradas do mapa de minha vida,
Luzes que acendem um sol invicto,
um calor perpétuo,
um verão interminável dentro de mim.