VIDA, É VIDA?

Acordo no vazio da noite

Ouvindo os sons noturnos,

Meu peito arde,

Minhas mãos tremem,

A pele arrepia ao toque do vento...

Imagens distorcidas invadem

A minha mente,

O coração pulsa

Freneticamente,

E queima

E arde

E delira...

O coração motivado meu

Por estranhas vibrações

Do mais vermelho breu,

Breu de insana dedicação

Aos meus gemidos de dor,

Gemidos sem cor,

Gemidos sem sabor,

Gemidos que adoro...

Como adoro gemer em dor!

Como adoro ser dolorosa demais!

Como adoro rasgar o meu peito

E gritar, gritar! gritar, gritar

Gritar, Gritar, Gritar, Gritar

GRITAR GRITAR GRITAR GRITAR

DE DOR DOR DOR DOR!!!

Meus lamentos de dor são inaudíveis...

Me perco em sangue e em delírios...

As paredes brancas me envolvem

E meu sangue as tinge loucamente...

Todo o frio penetra em meu peito...

Aberto...

Rasgado...

Sangrento...

Minha alma se esvai pela fenda vermelha

E dolorosa,

A alma que jamais tive...

E meu corpo pálido agora ganha

Outra cor...

Estou dolorosa e sangrenta no meio

Da noite...

Carregando um peito lacerado

E em chamas...

As camas onde sangro são podres,

Eu estou podre em sangue,

Eu estou podre em sangue,

Eu estou adorando estar podre

Em meu sangue...

Peito meu rasgado dói...

Dói e eu gosto!

Eu gosto e aprendo a adorar mais,

Sou uma aluna da escola do sangue,

Do meu sangue caindo,

Caindo pela pele podre minha,

Caindo podre,

Caindo minha...

Caindo em meio ao caos

Flamejante e vermelho,

Onde minha dor e loucura se misturam...

Seguro meu peito,

Sinto o sangue escorrer entre os dedos,

Sinto o calor,

O cheiro...

Seguro-o firme,

Contendo-o,

Não quero ainda morrer...

Apenas sangrar...

Sangrar...

Sangrar...

Deito em minha cama

Agora totalmente vermelha,

Admiro as manchas,

Todas elas,

Fecho os olhos,

Acordo para a Eternidade...

E abro mais a fenda em meu peito

Por toda a minha estranha eternidade...