Hoje não
Hoje, não
Noutro dia
Numa suave
Ventania
Louca
Atordoada
A uma ilusão
Que o obrigue
Hoje fica
Mesmo só a roupa
Do coração
Por detrás
Da pele macia
Ora triste
Ora alegre
Num tanto faz
Que me assiste
Sem qualquer
Perturbação
Esse, que se atreve
Sem a minha
Permissão
Talvez
O castigue
Talvez
Seja entregue
Ao silêncio da paz
Ou à sua solidão
Que se ergue
Quando se veste
Subitamente
Da nudez
Da paixão
Não que o sonegue
Apenas
Deixo
Que o peito
O carregue
Docemente
Vestido de emoção
Numa quietude
Aparente
De libertação
Mas hoje não
Hoje tenho pressa
Não tenho tempo
Nem lhe dou
Ocasião
Deixo-o
Com a liberdade
Do cântico
Em pulsação
Na sobriedade
Da escuridão
Para que o esqueça
Naquela cadência
Do romântico
Que quem sabe
Apareça
Em contradição
Mas hoje, não
Luísa Rafael
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Porto, Portugal