Ao Queimar Minha Língua

O músculo que não me deixa preciso,

Aquele que nem é todo racional ou imagético,

É agora um inchado órgão ao provar alimentos.

A vermelhidão em sua superfície mostra uma série

De frutas em bolor postuladas como distinto prato.

As queimaduras começaram quando transgrediram

O bom senso coletivo, tentaram me enfiar goela abaixo

Uma salada composta de ignorância, misticismo e preconceitos.

O paladar entra em um sombrio mar de água anti-razão.

E como arde, irrita a volta do neomedievalismo social.

Parece que alisam minhas papilas gustativas com

Apologias a tudo que é tosco e incita o nojo.

Num excesso de sal de autoritarismos,

Nos gostos amargos do espírito acrítico das massas,

Não me servem nenhum farol de libertação das malditas gulas.

Cada vez com a língua cheia de sinais, feridas brancas,

Não encontro novos sabores ou remédios

Que amenizem esse mundo de desgostos e torpezas.

Dennis de Oliveira Santos
Enviado por Dennis de Oliveira Santos em 10/12/2023
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