O REINO RICO E O REINO DA INVEJA
Conta o povo mais antigo
Que um reino aqui viveu,
Se é um conto de fada
Não sabe você nem eu
Este reino era completo
Muito rico e habitado.
Tinha conselheiros e cavalheiros
Guardas e não soldados armados.
Ouro tinha em abundância
Às águas corriam ao léu,
Era para qualquer tirano
De inveja tirar o chapéu.
Os agricultores doavam ao rei
Parte do que eles colhiam,
Para as famílias dos fiéis
Que aquele reino serviam.
E assim aquele reino
Foi crescendo em disparada,
Aqui se vivia em paz
Todo mundo trabalhava.
Este reino ajudava
A outros na redondeza,
Que não eram organizados
Ou que viviam na pobreza.
Tinha o maior rebanho
De gado, ovelhas e cabras,
O leite era a vontade
Para outros reinos mandava.
A terra aqui era tão fértil
Sua água era tão doce,
Tudo que plantasse dava
Que ninguém duvidar ouse.
Neste reino não tinha doença
Cara feia, dor ou epidemia,
Pois tudo que era possível
O curandeiro por ele fazia.
Um reino assim era difícil
E despercebido não ficou,
Havia um reino vizinho
Que nada fazia, nunca trabalhou.
Com inveja o vizinho
Nunca se deu por contente
Por mais coisas recebidas
Dizia não ser suficiente.
Foi formando seu exército
Com uma só intenção,
Acabar com o reino rico
Virou uma grande obsessão.
Numa noite muito escura
Resolveu fazer um assalto,
Levar toda a comida, ouro
E todo rebanho de gado.
Quando tudo estava pronto
Para bater em retirada,
Com o ouro, o gado reunido
E nas carroças toda a comida.
No céu cortou um relâmpago
O trovão logo ecoou
E o gado em disparada
As carroças atropelou.
Não teve quem desse jeito
Das coisas poderem levar,
Partiram com as mãos abanando
Para o seu reino voltar.
O reino da inveja ficou
Ainda mais enfurecido,
E ao seu vizinho rico
Jurou dá outro castigo.
Sabia o vizinho invejoso
Da filha do reino rico,
"Vou pedi-la em casamento
Logo assim, com tudo eu fico".
Foi ele ao reino rico
Bonzinho e cheio de afeto,
Prometendo mundos e fundos
Mas seu pedido não foi aceito.
Voltou danado da vida
Prometendo se vingar,
Até mesmo a bruxaria
Ele ainda ia apelar.
A filha do reino rico
Não existia outra igual,
Por isso o reino da inveja
Lhe desejou fazer o mal.
Tinha os olhos azuis
Que a todos encantava,
Com o seu jeito alegre
A todos ela conquistava.
O seu sorriso era tão lindo
E a muitos seduzia,
Se dava com todo mundo
Era assim que o rei queria.
Queria que sua filha
Fosse muito popular,
Para quando herdar o trono
Nenhum obstáculo encontrar.
A princesa por si mesma
Tinha o dom de agradar,
E a todos por natureza
Ela sabia cativar.
A um príncipe de outras terra
Tinha sido prometida,
E alegre esperava o dia
De ver a promessa comprida.
Pois sabia a princesa
Que o príncipe era bonito,
E que por outros reinos
Era também muito bem visto.
Vivia sempre a sonhar
Com o seu comprometido,
E ansiosa esperava
Pelo seu príncipe querido.
A todos do príncipe fala
Como se já o conhecesse,
Pois sabia que estava
Para chegar um dia desses.
A princesa já dizia
Do casamento não se contesta,
Ninguém jamais esqueceria
Tamanha ia ser a festa.
O príncipe de outras terras
Também sonhava acordado,
E pela sua comprometida
Já se dizia apaixonado.
Todos naquele reino
Falavam naquela princesa,
Que por aí não existia
Outra com tanta beleza.
Estava juntando presentes
Para levar para sua amada,
Numa grande caravana
Muito bem organizada.
Ele mal podia esperar
Pelo momento sonhado,
De com a linda princesa
Logo, logo, está casado.
Juntar tudo que tinha
Com o de sua princesa,
Dava para formar um reino
Independente e com riqueza.
Foi com este pensamento
Que partiu em direção,
Das terras de sua princesa
E entregar-lhe o coração.
Combinou com os seus pais
E co seu futuro sogro,
Para que seus reinos juntos
Ajudassem uns aos outros.
Queria ele com a princesa
Formar um reino de união,
Conquistando novas terras
Com bondade e de coração.
Chegou a hora da partida
Despediu-se de seus pais,
Dizendo com suas bênçãos
Serei feliz até demais.
E assim seguiu viagem
Pôs caravanas na estrada,
Sem sonhar que o destino
Uma surpresa lhe guardava.
Logo o reino da inveja
Juntou-se com a bruxa má,
E os dois fizeram juras
Do reino rico acabar.
A bruxa então recebeu
Assim do reino da inveja,
Um bornal cheio de ouro
Para fazer tudo depressa.
A bruxa começou logo
A fazer sua bruxaria,
Prometeu que aquele reino
Nunca mais existiria.
Montada em uma vassoura
Rumou para o reino rico,
Chegando sem ser notada
Se virando num mendigo.
Disse que estava chegando
De terras muito distante,
Pediu comida e abrigo
E recebeu num estante.
Foi se fazendo de amigo
Da boa e linda princesa,
Lhe preparando um feitiço
Da qual não tinha defes.
Convidou então a princesa
Para em seu abrigo almoçar,
E foi ela toda contando
Sem de nada desconfiar.
A comida foi preparada
Com um tempero sem igual,
E a princesa nem sonhava
Que tudo aquilo era fatal.
Assim que sentiu-se mal
Logo após a refeição,
Pediu que a levasse em casa
Que não a deixasse ali não.
Assim que chegou em casa
Caiu em sonho profundo,
E para o reino rico
Começou o fim do mundo.
A bruxa com o seu poder
Fez a princesa dormir,
E o principe ficar perdido
Sem destino por aí.
A princesa só despertaria
Se o príncipe a beijasse,
E o príncipe só se acharia
Se a princesa o encontrasse.
Assim selou o destino
De dois seres apaixonados,
Sem deixar condições de um
Pelo outro ser encontrado.
O reino rico entristecido
Com a trágica sorte da filha,
Mandou fazer uma tumba
Para ela não ser esquecida.
A tumba foi feita na Serra
Que tinha naquele lugar,
Colocou lá a princesa
Fez um cruzeiro para marcar.
O reino rico aos poucos
Foi caindo em desgraça,
Para cumprir a maldição
Pela bruxa má, lançada.
O curandeiro desconfiou
Que aquilo era bruxaria,
Mandou prender a bruxa
E na fogueira a queimaria.
Quando a bruxa estava ardendo
Ao reino da inveja almaldiçoou,
Deu um sopro e num instante
O reino da inveja acabou
A maldição ao reino rico
A bruxa não tirou não,
E de um instante para outro
O reino rico foi ao chão.
Só restou a lenda da princesa
Lá na tumba do cruzeiro,
E do príncipe perdido
Nunca se soube o paradeiro
Conta o povo mais antigo
Que tudo isto aconteceu,
E se tudo foi verdade
Não sabe você nem eu.
Mais na subida da serra
Tem um buraco no chão,
Bem pertinho do cruzeiro
E não é mentira não.
O buraco é conhecido
Como o buraco do morcego,
Para entrar dentro dele
Ainda se tem muito medo.
Ao que se consta ninguém
Nunca se atreveu entrar,
Para saber se a princesa
Ainda se encontra lá.
Dizem até que o buraco
Começa lá no cruzeiro,
Atravessa toda cidade
E vai sair lá no Rosário.
Se é verdade ou não é
Ninguém sabe ninguém viu,
Foi do povo mais antigo
Que esta lenda partiu.
Mas o buraco do morcego
Ainda está lá na serra,
Bem pertinho do cruzeiro
Bem aqui na nossa terra.
Se tem princesa ou não tem
Como é que vamos saber,
Se lá ninguém nunca entrou
E ninguém quer se atrever.
Sendo assim o reino rico
Como o reino da inveja,
Deixa na nossa cabeça
A dúvida, a incerteza.
Se tudo isto existiu
Ou se tudo aconteceu,
É como já disse antes
Não sabe você nem eu.
A moral deste trabalho
É mostrar para todo mundo,
Que só o amor constrói
E a bondade vence tudo.
Que com trabalho e vontade
Bondade de coração,
Podemos viver bem e em paz
Ter ao outro como irmão.
Enquanto que a inveja
Coisa que não se deve ter,
Não pode levar a nada
A não ser tudo a perder.
Pois como você já viu
No decorrer deste fato,
O que ela sempre quis
Foi ver o outro acabado.
Queria ficar com tudo
Sem coragem de trabalhar,
Até quem era inocente
Ela resolveu acabar.
A inveja é algo ruim
Com ela só se destrói,
Só o trabalho e o amor
Dignifica e constrói.