Permitir-se se olhar

e, olhando-se, conseguir visualizar

o desconhecido em nós,

navegar em ventos contrários -

admitindo a existência

de nossas profundas contradições -

mas que tanto se pede para vir à superfície,

 

Ziguezaguear no indizível,

surfar nas ondas do tempo

desenhando o esboço

de novos caminhos para os pés...

 

Fazer a releitura do que está escrito

nas paredes de nossas cavernas interiores,

conferir as anotações nas margens das páginas,

as tintas que tingem o que consideramos importante,

aquilo que nos conecta conosco mesmos e com o outro,

as nuances de nosso próprio ser -

em seus princípios mais puros:

de identidade e de contradição...

 

É a dialética da vida que a si mesma se faz

para conquistar o que diz o filósofo:

"eu sou e não sou quem eu sou"*.

 

* Edgar Morin (2003, p. 50).