A Menina na Janela

 

Há (in)lucidez em minhas palavras.

Desdenham de si mesmas e de mim.

Como eu fosse a menina na janela

ouvindo os passos subindo a montanha,

mãos unidas em preces por um céu,

uma névoa de desejos no cimo das orações.

 

Os olhos seguem o barulho das pegadas

que marcam o caminho para voltar.

Seguem o alfabeto da vida.

As letras se embaralham

e o poema se escreve sozinho no tampo da mesa.

Como as nuvens levadas

pelo sopro de luz de um cometa

na escuridão de um céu de estrelas candentes.