DEIXO

 

 

Renuncio quem fui

A imagem que me apeguei

Como bote salva-vidas em meio à dor.

Deixo inatividade desconcertada

Na ausência do meu copo inebriante.

 

Renuncio à teima dos espinhos

Onde deliberadamente me afoguei

Aceitando do seu abraço o licor.

Deixo as falsidades esfaceladas

Desse passado que fui amante.

 

Renuncio às dores que fiz cama

E de toda lágrima que lá deitei

Na esperança de um salvador.

Deixo as palavras maltratadas

Das injúrias de um estudante.

 

Renuncio meu olhar suplicante

As palmas das mãos levantadas.

Deixo de lado meu retrato

Desconhecido que aceitei

Das imposições de meu perseguidor.

 

Não mais o retrato de um estranho,

Não mais as palavras praguejadas,

Nem cama de dores

Ou minha imagem retocada.

 

Não mais esse olhar frio,

Esse beijo sem sabores,

Esse abraço de estanho,

Má companhia disfarçada.

 

Deixo a apatia do meu calvário,

Corto os laços com a solidão,

Divorcio-me da tristeza profunda,

Desquito-me da exclusão.

 

Abraço-me para não mais soltar

Reconstruo-me, viro meu lar

Faço-me vida, a meu dispor

Renasço-me amor

valdirfilosofia
Enviado por valdirfilosofia em 08/12/2023
Reeditado em 15/10/2024
Código do texto: T7949585
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