O ACASO
(Sócrates Di Lima)
Debruçado sobre o parapeito da janela,
Serenamente observo...
Ouço passáros cantando perto dela.,
Em silêncio me conservo!
Os olhos voam ao longe bem distante...
reciclando o pensamento passante.,
Uma fita mental reproduzindo insistente.,
Uma história passada insinuante!
Foste minha cliente num processo juridico,
Um divórcio, alimentos e guarda.,
Um tempo de tristeza em enlace fatídico,
Infortúnio de uma relação malfadada.
E naquele tempo houve um bem querer,
Que não vingou pelo ócio do oficio.,
Mas que o tempo não fez morrer.,
Nem dor e nem sacrificio!
E lá se foram vinte e dois anos...
Onde o silêncio escondeu os olhares.,
Onde os ventos se tornaram ciganos.,
Sem ponto fixo, sem lugares!
Mas o acaso, de fato existe...
Não importa o tempo que passe.,
Um dia o próprio tempo não resiste.,
E coloca no mesmo caminho aquele impasse!
O algo não decidido, o algo não acabado,
E quando os sonidos daqueles ventos ressopram na estrada.,
Levantando poeiras e aromas de flores de um bem amado.,
Não há como não renascer nem amar aquela que não foi amada.
E quando fecho os olhos de volta á janela do tempo novo,
Viajando no ontem e tentando viver o amanhã.,
Há que abrir os olhos e enxergar dentre o povo.,
Aquele bem querer adormecido em um aconchegante divâ!
E traga consigo a velha mala como relhados de cetim.,
Desembarque na estação que um dia deixou...
remova a tristeza e a solidão de mim.,
Construa os sonhos que ainda não sonhou!
E assim fazendo, deixo então minh`alma florir.,
se encher de paz de um olhar menina.,
E outra vez, me permitir sorrir.,
No seus encantos, num desejo ardente que a defina!
Então venha...
Abra os braços e corra contra os ventos.,
Se acabe nos meus braços como lhe convenha,
E refaça o caminho do amor que por acaso tenhas!