Dia 1
Uma brisa moveu a cortina de seda
E o sol se deitou no teu lado da cama
O ar da manhã suspendeu o teu cheiro
Que dormia na colcha e no travesseiro
Uma voz de alegria na rua lembrou-me teu jeito
De acordar todo dia esperando o dia perfeito
O orvalho da noite molhou teu jardim
Mas as flores parecem ter medo de mim
Desisti do café quando vi a caneca listrada
E o pão de sementes fadado à torrada
Me sentei na cadeira que a gente inventava
Seria do filho que a gente sonhava
Da janela notei teu ipê floresceu
E até cogitei que Deus não me esqueceu
Só que agora não sei como me levantar
Desta mesa que tanto nos fez planejar
Como posso transpor este frio corredor
Sem ouvir-te dizer “vá com Deus meu amor”