A ALMA DO POETA

 

Há na alma do poeta uma certa agonia
quando pelas madrugadas busca a renda sagrada
a palavra que o guia
o verbo que chegue numa curva, numa luva, numa reta,
mas que tenha maestria!

E quando a mão vagueia
tateando o teclado
o vento sopra lá fora nos galhos do pé de amora
e a lua está tão cheia
que a maré brinca permeia...
...a palavra bela e nua no poema se insinua.

É iluminação para a alma
é carícia para a vida
essa força que acalma
na mão que acarinha coa ´palma
a palavra vívida,
que se torna panapaná
cata-vento, girassol, sabiá...
... numa orgia de tanto riso,
quando perde o juízo
a benção da poesia
em toda forma que há!

E quando o poeta sorri
ou mesmo quando chora rios
de tudo faz verso,
uma asa de colibri
na poça d’água navios
do vestido da menina
a rima ansiada, querida
quase perfeita, traquina
pra enfeitar os seus versos
todo um cosmo, universo,
tão diversos na beleza
nem sempre uma realeza,
às vezes um simples rabisco,
outras vezes a flor, uma hibisco!

... mas sempre a graça,
esse encanto, esse clarão
de presente ao poeta
à alegrar seu coração.
 

 

 

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