A SOLIDÃO DAS COISAS

O pão que ninguém comeu

Na última refeição

Cobriu-se de bolor

Mãe disse que é o jeito

Dele mostrar solidão

Desci ao porão

e vi a solidão

Da estante empoeirada

Coitada!! Cheia de livros

Que não lhe dizem nada

O cesto de roupa suja

Não vê a hora de ouvir

O girar da máquina de lavar

Assim, o barulho do silêncio

Não vem lhe incomodar

Pratos limpos empilhados

Há pouco partilhavam a comida

Agora esperam, resignados,

Na solidão da prateleira

Luiz Fraga
Enviado por Luiz Fraga em 05/12/2023
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