A SOLIDÃO DAS COISAS
O pão que ninguém comeu
Na última refeição
Cobriu-se de bolor
Mãe disse que é o jeito
Dele mostrar solidão
Desci ao porão
e vi a solidão
Da estante empoeirada
Coitada!! Cheia de livros
Que não lhe dizem nada
O cesto de roupa suja
Não vê a hora de ouvir
O girar da máquina de lavar
Assim, o barulho do silêncio
Não vem lhe incomodar
Pratos limpos empilhados
Há pouco partilhavam a comida
Agora esperam, resignados,
Na solidão da prateleira