Ecos do Aniversário Solitário
Neste aniversário, na solidão vestida,
Entre sombras que a alma esconde,
Desvendo-me em ecos de vida perdida,
Num tempo que só o silêncio responde.
Nas horas tristes de um bolo sem vela,
Soprei desejos ao vazio que me olha,
Enquanto o mundo, lá fora, brinca e revela
A festa que, sozinho, minha alma escolha.
O eco da canção se perde na distância,
A melodia de parabéns que se desfaz,
Um murmúrio solitário, sem importância,
Num palco onde o ator não aplaude, mas faz.
À mesa posta, cadeira vazia,
Brindo com a ausência que me acompanha,
Ao espectro de mim, que na noite fria,
Desenha versos na tela que a tristeza banha.
Cada vela apagada, uma memória perdida,
No bolo da existência, a solidão é fatia,
E o presente é passado, na lenta despedida,
Do aniversário solitário, onde a sombra guia.
No espelho, o reflexo de um rosto cansado,
Que sorri para a lua, sua única testemunha,
Enquanto as estrelas, no céu estirado,
Contam histórias de uma vida que não trilha.
Assim, neste aniversário, sigo solitário,
Entre sombras e ecos de um tempo que escoa,
No palco da existência, ator solitário,
Enceno a vida, nesta trama que magoa.