Antares
Nasci em uma noite de inverno do Sul tropical,
Onde você fulgura dentre todas as luzes,
Embora distante no tempo e no espaço,
Ainda te vejo marciana a queimar o céu gélido julino,
Coração rubro, ardente, indômito,
inalcançável mesmo por Órion,
Tudo ou Nada é um ímpeto único do desejo
que escapam pelos poros do teu ser,
Âmago drástico que transborda as fronteiras do existir,
Sempre em fuga para o desconhecido, para o indefinido,
Sempre antagônica, uma Tília de raízes incendiárias,
Flocos de neve doce que envolve
a rosa escarlate no seio de Escorpião,
Aurora encarnada na noite,
Dourado vento estelar que encaracolou o céu
numa noite azul em Arles
é o sopro helicoidal que emana de teu elmo,
hálito da luz de mistério que adentrou em meu peito
num retrato do passado pueril;
Nada sei de ti além do brilho que chega a mim
do passado ou das mensagens no agora espaçado,
Só sei do que sinto,
irreal, insensato, desmedido,
como algo que estivesse sempre ali
guardado na caixa da infância
esperando para ser despertado,
para ser escrito aqui
com as estrelas de Van Gogh
ou com a supergigante vermelha
coração do teu signo.