De perspectivas de contrastes
Pernilongos sumiram,
as moscas abundam
E o silêncio é tão raro...
Lagartos escalam rígidos,
eu me arrasto pelas ruas
Por que o momento é tão rápido...
Aquela casa não podemos
O governo não facilita
Continuamos morando nessa rua,
depois de tanto tempo no mesmo espaço
Ah, aquela casa...
Que poderia ser nossa...
Cheguei a entrar nela
Me imaginei como seria,
depois de tanto tempo no mesmo lugar
Se fosse nossa, de verdade, sem aluguel caro para pagar
Para parente sem afeto
Para uma hipócrita de primeira categoria (do tipo que cita Paulo Freire...)
Seria uma vitória depois de um ano na fossa
Depois que ele se foi
e nos deixou muitas saudades, dívidas...
O poeta se vinga
Porque a poesia é uma reflexão, que também é uma confissão
Uma tradução dos sentimentos
Inclusive dos piores, da indignação, do sofrimento...
O poeta imortaliza
Só não se atreve a dar nomes aos bois
quando estão muito próximos
com os seus chifres pontudos e, nós, como os seus alvos