PETRICOR ou APONTAMENTOS PARA UMA CRÔNICA
Depois da chuva bailam no céu as nuvens,
Proclamam-se as promessas de um bom tempo,
Os homens olham pro alto, se curvam
Ao advento novo de um novo tempo!
No ar, emana um cheiro de coisa boa
Do cio da terra, um surto de geofagia!
Quando as águas da chuva se escoam,
Os meninos externam suas pequenas alegrias!
São uma "meia dúzia de gatos pingados”
A disputarem, entre eles, as calhas;
A gritarem, a bendizerem da chuva, o legado:
Neblina, gotas, pingos... que estes, molham!
A postos, vagarosas, vão as centopeias;
Em passos alternados são muitas as saúvas,
Nessa nova história, semelhante epopeia,
E, choram a falta dos seus maridos as viúvas!
Olvidadas as “obras de Santa Engrácia”!
Livres os colibris, as libélulas, as borboletas
Esquecem do amor, muitos, sob falácias...
Meu Deus, cadê? Estão extintas as violetas...
Escondidos, felpudos e asquerosos caranguejos
Saem, a transitarem, por aí, pelas pocilgas.
De tudo um pouco, aqui, eu ouço e vejo,
E, sabe a folha que corta cada formiga!
Logo, como num ciclo, surgem as tanajuras:
Ouve-se a revesada e ingênua indignação
Das chuvas tardias, - dessa velha cultura -,
E, eu penso em epifanias... Transfiguração!