PROSTRADO

PROSTRADO

Prostrado pela tela

A pele amorfa

A indignação passageira

Esvai-se em mais uma imagem

Lá fora o cinza quente

O turbilhão do barulho

O silêncio morto

Pelas vozes de protesto

Sem saber os porquês

A maioria burra

A minoria estúpida

Meia dúzia de esclarecidos

Mais para bandidos

Dão as cartas sempre marcadas

De inconfessáveis propósitos

E a turba muge e zurra

Pela esmola cuspida na bolsa

Que vale um sanduba

Uma cerveja quente

Uma bandeira sem mastro

Enrolada no corpo maltratado

E na cabeça um vazio

A não ser um pedido

Uma esmolinha tio

Para uma tragada ou cheirada

E maluco apodrece

Em cada esquina

A caminho dos sem lápide

Um ilustre desconhecido

Desde que foi parido

Jogado no lixo mais profundo

Da sempre hipócrita humanidade

Essa a única verdade

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 25/11/2023
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