Permanência e identidade
Às normas da vida social
Eu, o anti-social, por princípio e filosofia de vida
Não dou à mínima. Vou, a minha moda e maneira,
Corroendo as etiquetas e, talvez, enfartando a burguesa da loja de grife
Aos malditos pedintes, diz a burguesa da loja de grife, não há salvação senão no porão da casa grande
Não é ela a representação encarnada da desfaçatez?
Não é dela que a arrogância verbal ganha espaço e ouvidos atentos a seus arroubos e formam exércitos?
Eu, tanto quanto os pedintes, sei que à burguesa da loja de grife, só resta meu lapidamente escárnio
Semana passada, na rua baixa, a rua do desassossego, um homem foi preso porque cuspiu na cara da burguesa
Gritei aos quatro cantos
"E eles não cospem na nossa há séculos!?"
Quase fui preso, o camburão estava cheio, por isso fiquei
À espreita, um pouco afastado dali, um homem, já idoso, observava com cautela
Não disse nada
Apenas sorriu e balançou a cabeça em confirmação
E saiu
Lentamente se perdeu na multidão