Delírio ou uma verdade conveniente

Hoje preciso da poesia mais que o faminto de comida

Não saberia dizer

Mais que as dores do mundo

Qual aflige mais o frágil corpo daquele pequeno órfão abandonado na roda dos desvalidos?

Desvendar as maldades do mundo

Eis a mais premente tarefa

Eis o chamado feito

E torcer para que seja ouvido

Mas todos estão com pressa

Estão afoitos para serem os primeiros na fila dos vencedores

Mas quem serão?

As máscaras, é preciso retirar as máscaras

Mas do que adiantará

Se debaixo dela

Não se sabe quem é realmente?

Mundo das aparências

Das aparências reverenciadas como se o real fosse o que se mostra

Há tanta sabedoria numa folha de hortelã

Que a genialidade humana permite um saboroso chá

Mas concordemos, de que vale a conquista do Everest se é no pé da montanha que a vida acontece?

O quadro que não pintei

Talvez vença a bienal futura

Mas hoje só a poesia

Preciso da poesia

Para não sucumbir à saudade que me consome