CORPOS, APENAS CORPOS

Corpos são corpos

Estejam vivos ou mortos

Cheios de ouro ou farrapos

De pretos, brancos, mulatos

Usando colar ou anel

Seja doutor ou bedel

Na mescla de tanta cor

Todos têm o seu valor

Ao olhar puro do céu.

Adoentados, cansados fracassados e fadados

Amontoados e frágeis

Frágeis como as filigranas

Dentro de casas profanas

Simplesmente desejáveis

São esses corpos cansados

Extravasando vivência Mostrando nossa existência

E com porradas na cara

Como se fosse jóia rara

Num tempo sem consciência.

Assim como as pedras duras

Vão escondendo amarguras

Resistindo sobre a Terra

Sobre a colina ou a serra

Cheios de vícios e agruras

Da água, um gotejamento

Seu martírio, seu lamento

Seu grito surdo, profano

Como deixasse de ser

Apenas um ser humano.

Na dor da sua prisão

Em pedaços o coração

Em frangalhos, sua alma

Na roda viva e na calma

Vão buscando evolução.

Cigana das Rosas
Enviado por Cigana das Rosas em 22/11/2023
Código do texto: T7938000
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