CANÇÃO NO EXÍLIO
George Gimenes
Minha terra sem palmeiras,
Sabiá cantava lá;
As aves que inda gorjeiam,
Não gorjeiam mais por lá.
Nosso céu sem mais estrelas,
Nossas várzeas sem mais flores,
Nossos bosques sem mais vida,
Nossa vida sem amores.
Em cismar – sozinho – à noite –
Nem prazer encontro eu lá;
Minha terra sem palmeiras,
Sabiá cantava lá.
Minha terra sem primores,
Que mais não encontro eu lá;
Em cismar – sozinho – à noite –
Nem prazer encontro eu lá;
Minha terra sem palmeiras,
Sabiá cantava lá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que eu desfrute os primores
Que um dia haviam por lá;
Sem que aviste umas palmeiras
E o cantar do Sabiá.
Cambridge, Ontário – Janeiro 2023.
(Esta é uma homenagem paródica – não satírica – ao antológico poema "Canção do Exílio" do admirável Antonio Gonçalves Dias).
CANÇÃO DO EXÍLIO
Gonçalves Dias
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores.
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar – sozinho – à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho – à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que eu desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Coimbra – Julho 1843.
(Poema publicado no livro "Primeiros Cantos", em 1846, no Rio de Janeiro.
O livro completo, digitalizado em PDF, está disponível para download de graça no site da Biblioteca Nacional).