MADAME NAGÔ NO SERTÃO
Numa tarde tão comum
Como essas que são de verão
Quentura e mormaço imperam
Nas vielas do sertão
Senti uma certa tontura
Vi na realidade ilusão
Sentei, não achei solução
Ao zumbido em meu ouvido
Creio que por algum segundo
Cheguei a perder o sentido
Pois quando penso que não
Tão de repente te vejo
E não sei se é a realidade
Ou mera ilusão do desejo
Vi tudo ganhar mais cor
Vi o sertão fazer festa
E o próprio vento a fazer orquestra
Do teu perfume nagô
Magnum opus do artista
Deus mesmo determinar
A natureza contemplar
A tua beleza infinita
Quanto a riqueza que carregas
No asfalto da rua onze
É o próprio sol quem te enxerga
E faz reluzir o teu bronze