DESABRIGO
Não há hoje qualquer lugar
ou abrigo
como a velha casa dos meus conhecidos.
Pois esta cidade,
o país e o mundo,
não são e nunca serão
dentro de mim,
algum lugar.
Não há hoje qualquer canto de terra
onde eu possa estar em paz,
guardar quem eu fui,
o que será de nós
e o que me fez viver.
Não há hoje qualquer lugar
que eu possa chamar de lar,
onde todos que me amam
possam se encontrar,
me enterrar.
Hoje o mundo é desabrigo,
desnudamento,
desenraizamento,
ou, simplesmente, deserto.
Hoje, nenhum canto é lugar,
um destino certo,
e hábito desconsolado a lembrança da velha casa dos meus conhecidos,
virtualmente existindo
através de tudo aquilo
que nunca foi ou algum dia será.
Mas logo estaremos todos extintos
e o mundo será um outro lugar.