Refletido nos Olhos

Dois pares se entreolham

Ambos tímidos, ambos verdes

Quase um espelho do outro.

Os seus, mais claros que os meus

Em cor e em melancolia.

Não há ali um único ruído

Exceto o vento bagunçando nossos cabelos

Não há uma única perturbação

Exceto a ansiedade de não te tocar

De estar mesmo um passo longe de ti

Mas teus olhos não estão aqui

E os meus não te olham daí

Nossos olhares se cruzam na fantasia

Nos delírios noturnos de mentes agitadas

De hipóteses subjetivas do destino

Não há nesses mais de duzentos quilômetros

Um único laço material que me diga

Que estas vivendo a vida devida que sonhara

Ou se vives num dos 7 infernos gélidos

Ou qualquer outra nuance das escalas vividas.

Só me restam teus olhos distantes, quase esquecidos

E a mim mesmo, em seus verdes reflexos

A especular tuas escolhas e resultados

Projetar na cara dura, sem certeza da razão

Só pra acreditar que tudo vai ficar bem.

Me canso demais dessa farsa. Desse mistério

Desse comportamento ilógico, indiferente

Tua energia irradia até aqui. Não sei porque mentes

Se esqueceste ou se finges que não sente

Ou se só estou louco, e foi tudo ilusão

Qualquer seja a resposta, não importa

Se sentes o cordão sendo puxado ou não

Se ouve meus chamados, se vê meus delírios

Não seria capaz de te esquecer nem se tentasse

Então fico a postos, em vigília atenta

Te esperando chegar

Ariel Alves
Enviado por Ariel Alves em 13/11/2023
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