Refletido nos Olhos
Dois pares se entreolham
Ambos tímidos, ambos verdes
Quase um espelho do outro.
Os seus, mais claros que os meus
Em cor e em melancolia.
Não há ali um único ruído
Exceto o vento bagunçando nossos cabelos
Não há uma única perturbação
Exceto a ansiedade de não te tocar
De estar mesmo um passo longe de ti
Mas teus olhos não estão aqui
E os meus não te olham daí
Nossos olhares se cruzam na fantasia
Nos delírios noturnos de mentes agitadas
De hipóteses subjetivas do destino
Não há nesses mais de duzentos quilômetros
Um único laço material que me diga
Que estas vivendo a vida devida que sonhara
Ou se vives num dos 7 infernos gélidos
Ou qualquer outra nuance das escalas vividas.
Só me restam teus olhos distantes, quase esquecidos
E a mim mesmo, em seus verdes reflexos
A especular tuas escolhas e resultados
Projetar na cara dura, sem certeza da razão
Só pra acreditar que tudo vai ficar bem.
Me canso demais dessa farsa. Desse mistério
Desse comportamento ilógico, indiferente
Tua energia irradia até aqui. Não sei porque mentes
Se esqueceste ou se finges que não sente
Ou se só estou louco, e foi tudo ilusão
Qualquer seja a resposta, não importa
Se sentes o cordão sendo puxado ou não
Se ouve meus chamados, se vê meus delírios
Não seria capaz de te esquecer nem se tentasse
Então fico a postos, em vigília atenta
Te esperando chegar