A ninfa e a rosa
A ninfa dança
Adornada por flores
Seu belo corpo em cruel delicadeza
Moveu-se às roseiras
A todas elas, toca,
Ao chão caem frias
Sem vida, se põe a sangrar
Rosas lindas e sofregantes
Se indo, partindo, vertendo-se
lembrando-se de quando
Vivas eram, e felizes.
É a morte quem achega-se
Mais viva que estas
E a ninfa chora arrependida
Tenta à morte dizer:
- Leve-me em lugar
Destas puras e calidas almas,
Maldito ser.
Mas é a morte fiel
Ao chamado do além:
- Tua hora, oh bela jovem
Se achegará também
Mas é agora
Chegado o instante de se despedir.
E a ninfa ajoelha-se
Toca novamente o pequeno
Corpo das flores moribundas
Suas frias e lindas lágrimas
Caem como chuva.
Se levanta a ninfa
Dançando e cantando
Em redor das póstumas rosas
O vento em varredura faz levar
As pétalas que suspiraram de dor e beleza
Ela sabe que no fundo, enquanto viver
Não resistirá
À natureza que deveria proteger.
Tornará a tocar
Novas flores, novas rosas
A saber
Que as que adornam seus longos cabelos, vivas foram
Agora somente frias, mortas, gélidas
Sem vida.