A MULHER DO FLUXO DE SANGUE

Estava resoluta

Apenas um toque

Um raspar de dedos

Na ponta das vestes Dele

Estava resoluta

De duas, uma opção

Enfrentar ou fugir

Crer ou descrer

Ela enfrentou

Enfrentou sua condição

De pessoa de segunda classe

Enfrentou a religião e as toneladas

De opressão sobre os ombros femininos

Enfrentou o muro até ali intransponivel

Da sociedade de homens

Enfrentou o estigma de sangrar

E sangrava no corpo

E sangrava na alma

Ela creu

Esquálida, desenganada,

Juntou as últimas forças,

Abriu caminho na multidão

E na ponta das vestes Dele tocou

Não mais sangrou

A face sorriu

Sua fé lhe salvou

Luiz Fraga
Enviado por Luiz Fraga em 11/11/2023
Reeditado em 11/11/2023
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