Minha hora
Na hora primeira dessa manhã
Pensamentos lúgrubes me vêem a cabeça
Sinto o peso dos dias vividos
O pulso lento das veias
O sangue a serpentear na coluna
A cabeça a girar sob o medo da agonia
Se a hora do entardecer vier como açoite
Peço a Deus que me poupe
Da vida já pedi muito
Hoje quero somente o expurgo
Entardecer da minha vida
Não me pegue de surpresa
Me encontre na ribeira como leito de rio preguiçoso
Tenho medo de ti
Já não posso dormir
E na hora da sangria
Espero ser tua amiga
Quando chegar o meu fim
Olhar te nos olhos e seguir seus passos
Despida de vestes e despida de mim