PRESENTES

Dei-te, meu amor

não os meus primeiros

e inocentes

anos de adolescente.

Não te dei também

meus beijos inexperientes,

nem os maravilhosos,

coloridos, planos

de minha mente...

Dei-te, ao contrário,

muitos desenganos

acumulados,

no meu dia-a-dia,

dolorosamente...

Dei-te maduros anos,

orvalhados,

dei-te o cair das folhas

outonais...

dei-te o sopro

da aragem matutina,

a minha alma pura,

cristalina

e dei-te, amado,

muito, muito mais...

Dei-te o ocaso

das minhas primaveras

as minhas doces

lembranças

e quimeras

as desbotadas sombras

dos meus dias

E finalmente,

dei-te, sem pesar,

cada minuto

das horas de prazer

o alvorecer

sereno

depois das noites

de supremo amor.

Dei-te momentos de riso,

e de alegria,

o meu abraço,

minha companhia...

o meu consolo

para o teu sofrer...

E dei-te a última,

sonora melodia,

que entoou o violão

plangente,

que agora jaz calado

eternamente

.

.

.

BH - 08.08.04

lisieux
Enviado por lisieux em 25/03/2005
Código do texto: T7928