Coração malungo
Nunca me senti tão fraco
Nunca me senti tão pouco
O poema em linha reta humano
Tá, exagerei
Mas queria mesmo armistício
Trégua de mim
Queria amar um pouco
Ser um tanto muito pra alguém além
O frio ainda me assusta. Sabe, aquele frio de quando você se coloca debaixo do chuveiro, e quando a água toca, você suspira um pouco porque não espera aquilo, aquela gelidez. Quer dizer, esperar espera, pois já sentiu outras vezes, mas nunca de se acostumar.
Mas aí então quando se aplaca o frio, você fecha o olho e tudo é um. A água é de novo você, e você parece estar num quase não nascer, e tudo parece certo, desacelera.
As vezes me pergunto onde está aquela voracidade, aquela rebeldia adolescente
(Se é que um dia existiu)
Quem sabe, pra algumas pessoas é caso de demorar a chegar, e a voltar. Se aproxima e se afasta, e no afastar nos pega pelas costas, nos coloca a chance de ter a fome de novo, uma chance rara, pela segunda vez na vida.
Djavan diz que as vezes parece um tambor
Mas parece mesmo um big bang
E você navega na vingança mais ardilosa
E flutua cada vez mais fatal
Cada vez mais adorável
Qualquer metáfora falha em te fazer
Vai ser azul de menos
Vermelho de menos
Terra de mais
A cor que te faz,
ainda vai ser semeada num planetinha longe, visitado pelo pequeno príncipe, pode apostar.
Enquanto isso um outro se acumula em mim
Embotado numa máscara de cera
Num silêncio que arde na boca pra ser quebrado
Meu corpo é um barco afogado
Mas que te levaria ermo
Coração malungo
Pra onde quisesse
Sem pressa de voltar