Ao espelho
Ao espelho
Surpreendente e imóvel reflexo
Na mão de um espelho convexo
Cabe um rosto que talvez seja meu
Ou será que na escuridão se perdeu?
Uma face que não sei se é passado
Porque o futuro é sempre adiado
Face com um sorriso que se ofereceu
À mudança na vida que envelheceu
Afinal o rosto que me veste se adivinha
Não mudou na sua delineada linha
A surpresa seria uma inevitabilidade
De quem não sente nos passos a idade
Aí, espelho porque te demoras?
A olhar-me no silêncio das horas
Sê cúmplice com a imagem que nada diz
E deixa-me a tua saudade feliz
Luísa Rafael
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Porto, Portugal