Às vezes
Às vezes
Sou espuma
De mar
Nas letras
Que escrevo
Bebo
A sua bruma
Tão leve
No enredo
Como os silêncios
Deste navegar
Às vezes
Dou-lhes intervalos
Para que
Sejam
Criativas
Dou-lhes sopros
De vidas
Aventuras
E portos de abrigos
Ancoradas
Nos sentidos
Que beijam
Sem se molhar
Às vezes
Elas são minhas
E não as entrego
Deixo-as
Nas pontas dos dedos
A fervilhar
Às vezes
Peço ao vento
Que as leve
Em rimas
Num suave
Ondular
Às vezes
Pouso-as
No papel
Desprendo-me
Delas
Como cabelos
E deixo-as
Em liberdade
A desfolhar!
Luísa Rafael
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Porto, Portugal