O Recluso
Não me sinto à vontade entre multidões,
Evito abraçar otimismos comuns.
Não me interesso por contradições alheias,
Nem pelos estrumes da era pós-moderna.
Minha ilha de pensamentos é meu lar,
Caminho como sincero cigano entre pútridos cristãos,
Prefiro a distância do convencional,
Rejeito modismos efêmeros
E a moral neutra da contemporaneidade.
Redpill, ancap, neomonarquista,
Não busco ligação com tribos toscas,
Minha indiferença é certa para tal gente.
Não sou movido por ternura desinteressada,
Minha paciência não é budista com tolos,
Que poluem as ruas com miudezas.
Meus pensamentos e ações me isolam,
Às vezes, a solidão é suficiente.
Arte, ideias não corriqueiras, familiares
E sentimentos íntimos nutrem minha vida.
Eu hábito o meu castelo de reclusão,
Pois os atuais tempos líquidos
Apagam a chama de vivacidade.
Apoiado em minhas frágeis vértebras,
Desconfio de todos, não acompanho
Os asnos de Buridan.
A minha metamorfose,
O ir além diário eu conquisto
Em meu próprio lar,
Nas janelas e portas que duramente construí.
Persisto na existência,
Enfrento dúvidas íngremes.
Abraço o vento das contingências
Com meus próprios braços.
E como um lobo isolado,
Uivo secas lágrimas e intensas alegrias
Diante da lua composta de incertezas