Bendita carne
se pudéssemos ainda tocar nossa carne que envelhece pouco a pouco
o sagrado que escapa dos humanos
O gozo profano, a dor, a solidão, a verdade do humano
Se pudéssemos, seríamos
Como o poema que se crava com a unha
Sem deixá-lo escapar por descuido
A palavra agarrada no emaranhado dos pensamentos
O vai e vem das histórias e lembranças
Se pudéssemos, seríamos
A beleza que reside no concreto
No chão
Na morte
No amor
Se pudéssemos ainda tocar nossa carne
Que foge pouco a pouco
O humano e não mais profano
Seria
Epifania no exílio de nós mesmos