Bendita carne

se pudéssemos ainda tocar nossa carne que envelhece pouco a pouco

o sagrado que escapa dos humanos

O gozo profano, a dor, a solidão, a verdade do humano

Se pudéssemos, seríamos

Como o poema que se crava com a unha

Sem deixá-lo escapar por descuido

A palavra agarrada no emaranhado dos pensamentos

O vai e vem das histórias e lembranças

Se pudéssemos, seríamos

A beleza que reside no concreto

No chão

Na morte

No amor

Se pudéssemos ainda tocar nossa carne

Que foge pouco a pouco

O humano e não mais profano

Seria

Epifania no exílio de nós mesmos

Yara do Vento
Enviado por Yara do Vento em 04/11/2023
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