No domingo

A gente ia caminhando,

Nossos domingos vivendo...

Nunca, nunca, imaginando

O que estaria acontecendo!

De manhã a reza na missa,

O evangélico no culto,

Pra quem é certa a premissa:

Deus Pai é o maior vulto.

A sesta bem merecida...

O futebol lá nas tardes...

Assim, o possível da vida,

Apesar de tantas maldades.

O celular sempre ligado,

Trazendo alegria e tristeza:

Neste mundo, o povo plugado

Ri e chora com grandeza.

Faz vinte dias, de repente,

Eclode conflito intenso.

Nossos olhos vão pro Oriente,

E nesse desastre ora penso...

Francisco de Roma clama,

Lembra que assim ninguém vence...

De todos os cantos, gente conclama

A paz, que não convence.

Não convence os senhores,

Assim donos do mundo,

Cujos maiores pendores

Trazem martírio profundo.

E nos tiram nossa paz

Inda que longe estejamos,

Pois tudo isso nos faz

Mais tristes, e lamentamos.

Um lado fez crime louco,

Mostrou ao mundo todo o mal,

O outro, refletindo pouco,

Não respeita nem hospital...

É tanta gente inocente

A orar por sanidade,

Por uma solução decente

Que mitigue a iniquidade...

Na tevê, no Domingão,

Nice tem a casa consertada...

Em Gaza, casa no chão

É saldo de gente irada...

A ira é, sim, revide,

De ataque o mais cruel

Mas gente, não se duvide,

A vingança faz triste papel.

O mal que feito está

Nunca será consertado.

Na história ficará

Momento tão desastrado.

No domingo a noite vem,

Daqui a pouco o amanhecer...

Rogo a Deus — o maior bem –

Para o homem arrefecer.