Searte
Como posso negar,
O seu chamado forte,
O convite a arte,
Em que o olhar perdeu-se,
Como se não fosses real,
Enfim, era tudo natural,
A textura e a pigmentação,
Os contornos e a elevação,
Estava eu ali,
Como não me pudeste sentir,
Ou tão pouco ver,
Escuso-me a negar esse prazer,
Seus tons de negros,
Convidavam-me a pintar,
O desvendar dos segredos, mistérios,
Tirei-o da cartola,
dei que sentisses o aroma,
Ardente ébano de África,
Na tela sua tão macia,
Deixei que sentisses,
E que a tua íris se encantasse,
Para o pulsar acerelado da emoção,
Seus lábios definiam a inspiração,
Sua boca seguia cada traço,
Com a língua descreveste o caminho,
Sentindo a primeira essência,
A lubrificação da glândula de cowper,
A essência alcalina e suas enzimas,
Deliciaste-te até o sussurrar dos arrepios,
Na tela sua imagem traduzia o encanto,
Sobre os lábios, o álibi era forte,
As mãos contornavam seu norte,
Descendo a diagonal do decote,
Em que o pincel tecei a pintura,
Daquela arte que descrevia loucura,
Na voraz sensação que definia o momento,
Onde desabrochava no corpo,
A infinita razão arte feita em silêncio,
Onde as vozes não conseguiam calar-se,
Pois, a inspiração tomou a sua própria vontade,
E arte fez-se presente entre as paredes do instante (...)
(M&M)